Latinoamérica
|
Roberto Rodrigues o ministro da Monsanto
Laerte Braga
Rebelión
O jornalista Ricardo Boechat revelou em sua coluna no Jornal do Brasil
que um grupo de funcionários do Ministério da Agricultura esteve nos Estados
Unidos e "sugeriu" a grupos norte-americanos a venda de determinados
transgênicos proibidos pela legislação brasileira. O jornalista foi mais além ao
afirmar que um dos tais funcionários foi dono de uma empresa no setor de
agricultura vendida à Monsanto, uma das principais acionistas do Estado no
Brasil.
É a principal beneficiária da lei de biossegurança, aprovada pelo Senado. O
esquema dos senadores, com o parecer do senador Ney Suassuna, segue o modelo FHC.
Uma agência fora do controle do Executivo e sobretudo alheia a participação
popular vai decidir o que pode e o que não pode.
Uma nova negociata. Fazer parte dessa agência vai ser um dos melhores negócios
no mundo neoliberal.
Não há explicações para a presença de Roberto Rodrigues, latifundiário, de
extrema direita, fundador da UDR (União Democrática Ruralista e versão
brasileira da Ku Klux Klan), no governo de Lula, no Ministério da Agricultura.
Justificar esse absurdo como parte de um projeto político de amplo espectro, nos
moldes messiânicos que têm caracterizado o governo Lula, que vise integrar todos
os brasileiros, não é uma forma primária de fazê-lo. Não se admite esse nível de
ingenuidade. É má fé mesmo.
Estelionato eleitoral.
A lei de biossegurança, como votada pelo Senado, oficializa o controle do
latifúndio sobre o governo, de grupos estrangeiros, coloca a agricultura
brasileira sob o tacão de uma empresa, a Monsanto, isso no campo dos
transgênicos, e propicia grandes negócios aos envolvidos na história.
É verdade que o Senado não aprovou o projeto do governo. Foi descaracterizado em
função dos interesses de grupos econômicos. Mas é verdade também que Lula e sua
turma procuraram esse tipo de situação ao deixarem de lado os compromissos com o
movimento popular, firmados na trajetória do PT e nas várias campanhas
eleitorais do atual presidente. Acreditaram que governar passa por um Congresso
onde segundo o Lula de anos atrás, tem pelo menos "trezentos pilantras".
Cada vez mais uma versão nacional de Lech Walessa. O que parecia ser mas não
era.
O que a ministra do Meio Ambiente, Marina da Silva, vai fazer não sei. Tem
tomado trombadas desde os primeiros momentos do governo. Já ameaçou renunciar
várias vezes e não o fez. Se ficar, mesmo com o argumento que o projeto aprovado
não é o do governo, acaba perdendo a credibilidade. Que já está em baixa ao se
mostrar por omissa em relação ao processo neoliberal lulista/petista.
Lula não tem volta e nem volta tem o fracasso do governo. Atirou-se com tal
ímpeto e volúpia nas mãos dos donos que hoje é obrigado a conviver com Roberto
Jéferson (tropa de choque de Collor), aceitar o apoio de Paulo Serra Maluf, pior,
correr atrás do apoio de tal figura.
Convidar e manter um ministro como Roberto Rodrigues é inaceitável para forças
populares, eu diria até para forças de centro-esquerda. O cara não conhece outra
linguagem que não a dos latifundiários e seus pistoleiros.
A propósito, o ministro é amigo do Mânica eleito prefeito de Unaí. O que estava
preso, acusado de ser um dos mandantes do crime que matou quatro fiscais do
Ministério do Trabalho que descobriram trabalho escravo em propriedades do seu
irmão e dele, da família.
Está solto, a Justiça decidiu assim e vai ser diplomado prefeito, com o que
ganha foro privilegiado, igual FHC e sua quadrilha tucana.
Já Lula...
Quem tem Roberto Rodrigues no Ministério da Agricultura não precisa de inimigos.
Se é que o cara, de fato, é "inimigo". Tudo indica que sejam todos "amigos".
Pelo andar da carruagem não há outra conclusão possível.