O Movimento dos Sem-Terra ocupou na madrugada desta segunda-feira a fazenda Santa Marina em Teodoro Sampaio, na região Pontal do Paranapanema, no interior de São Paulo.
A fazenda é de propriedade de Jovelino Carvalho Mineiro, sócio dos filhos do presidente Fernando Henrique Cardoso na fazenda de Buritis (MG).
De acordo com José Rainha Júnior, a fazenda produz soja transgênica, proibida pelo governo, e foi declarada devoluta. A fazenda solicitou a presença da polícia.

As ocupações promovidas pelo movimento devem-se a inoperância do governo na condução da reforma agrária, segundo José Rainha. Ele disse no domingo que o governo traiu acordo com o movimento ao prender 16 pessoas que participaram da ocupação da fazenda que pertence aos filhos de FHC.

O ministro Ministério do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, voltou a criticar a ocupação da fazenda de propriedade da família do presidente Fernando Henrique Cardoso, localizada em Buritis (Minas Gerais). "Invadir uma fazenda é dar um tiro no pé" porque a propriedade vai ficar dois anos indisponível para reforma agrária, segundo Jungmann.

Afirmando que os sem-terra da região formam um "bando", o ministro disse que a falta de segurança teria sido responsável pela ocupação.

Jungmann voltou a elogiar o desempenho do ouvidor agrário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Gercino José Alvez Filho, que pediu afastamento do cargo, alegando que o governo não havia cumprido o prometido nas negociações. O ouvidor tinha garantido aos ocupantes da fazenda do presidente Fernando Henrique que ninguém seria preso. A responsável no órgão pelos conflitos rurais, Maria de Oliveira, que também participou das negociações, pediu demissão.

Jungmann afirmou que o governo, em nenhum momento, garantiu que não haveria prisões e lembrou que defendera, desde o início, uma punição exemplar para os responsáveis. Ele voltou a elogiar a atuação de Gercino Alvez Filho, classificando-a como emblemática, na mediação de conflitos agrários.