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Latinoamérica

13 de febrero del 2003

No podemos esperar más, "nosotros pensamos como movimiento social y no como gobierno" dijo el MST
Gestión Lula decepciona al MST y causa revuelta de ruralistas

Eduardo Scolese, Folha de Sao Paulo

O bloqueio de uma estrada no interior de Alagoas na qual o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) manteve um secretário de Estado como refém expôs na semana passada a revolta de ruralistas e a decepção dos sem-terra em relação às primeiras semanas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva..
Dois pontos surgiram com o término da barricada e a libertação do secretário alagoano da Agricultura: para os ruralistas, "mais uma ação violenta do MST e a conivência do governo petista"; para os sem-terra, "a passagem de quase 40 dias de governo sem nenhuma atitude sobre as famílias de trabalhadores rurais acampadas em todo o país"..
O barril de pólvora explodiu depois de um longo período de avaliações de ambas as partes. Desde o início da campanha eleitoral, em meados do ano passado, o MST vinha se mantendo cauteloso, estudando suas atitudes a fim de não prejudicar seu candidato, Lula. Já os fazendeiros, sempre temerosos, falavam em "dar uma oportunidade aos petistas"..
"Numa atitude covarde, o ministro [Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário] não se pronunciou sobre o caso de Alagoas (...) Ele se nega, se mantém ausente porque fica explícita a conivência de um ministro com o crime. O governo estendeu a mão para quem faz barricada", afirmou Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente nacional da UDR (União Democrática Ruralista)..
Já João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, prefere criticar a "lentidão" do governo Lula. "Nós estamos preocupados com a demora. Já se passaram 30 dias e até agora não foi tomada nenhuma atitude concreta em relação à reforma agrária." .
De acordo com o MST, existe hoje no país cerca de 80 mil famílias de sem-terra acampadas, a maioria delas em estradas vicinais. Sob caráter de urgência, a liderança do movimento cobra do governo Lula que todas elas sejam assentadas imediatamente..
Na próxima quarta-feira, em audiência na sede do Incra, em Brasília, o MST vai cobrar "agilidade" ao ministro Rossetto no assentamento dessas famílias e de suas respectivas inclusões no programa Fome Zero, além da contratação de um técnico para cada 80 famílias e um custeio extra de R$ 2.000 para cada uma delas..
Pelo lado dos ruralistas, a irritação vem desde a nomeação dos primeiros escalões do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), com nomes ligados a setores radicais de PT, MST, CPT (Comissão Pastoral da Terra) e Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura)..
"Eles [o governo federal] colocaram no cargo de ministro o membro do partido mais xiita que eles tinham, da ala xiita do PT. Eu não fiquei surpreso porque essa é a marca institucional deles [petistas]", declarou Narciso Rocha Clara, presidente do Sinapro (Sindicato Nacional dos Produtores Rurais)..
Na semana passada, além do bloqueio da estrada alagoana, um outro fato, considerado positivo pelo MST, revoltou os ruralistas. A pedido dos sem-terra, o ministério retirou de sua página na internet os nomes e os CPFs de 25 trabalhadores rurais que participaram de invasões e foram excluídos da reforma agrária.


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No podemos esperar más, "nosotros pensamos como movimiento social y no como gobierno" dijo el MST
Campamento del MST, en el III Foro Social Mundial de Porto Alegre .
Para João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), apesar de o governo ter montado um "competente" time no primeiro escalão da reforma agrária, é preciso "agilidade" para cumprir as principais promessas de campanha. "Agora, nós estamos preocupados com a demora", disse..
Agência Folha - Qual é a primeira impressão do governo Lula? .
João Paulo Rodrigues - Estamos preocupados com a demora. Já se passaram quase 40 dias e até agora não foi tomada nenhuma atitude concreta em relação à reforma agrária. Esses dias para quem está no governo pode ser pouco, por causa da burocracia, mas para quem está debaixo de uma barraca de lona é muito tempo..
Agência Folha - Mas o que vocês esperavam? .
Rodrigues - Achávamos que tudo seria um pouco mais ágil. É como no Fome Zero, não podemos ficar esperando. Quem passa fome e está debaixo de um barraco tomando chuva e sol não pode ficar um tempo de carência como esse, de 30, 40 dias. Então, depois de 30 dias, até que o governo tome pé, faça um diagnóstico. Isso vai até o meio do ano se continuar nessa forma..
Agência Folha - Isso será cobrado na reunião com o governo? .
Rodrigues - Um dos pontos da pauta é que [o governo] seja ágil na indicação das superintendências [regionais do Incra], na contratação de novos quadros. Mas ainda estamos confiantes, apesar das preocupações. Até agora não começaram a fazer nada. Nós pensamos como movimento social, e não como governo..
Agência Folha - As famílias acampadas não poderiam esperar? .
Rodrigues - Não podemos esperar mais, precisamos assentar essas famílias urgentemente. Nós temos que levar alimentos para os acampamentos..
Agência Folha - E a solução? .
Rodrigues - Se o Fome Zero não encontrar uma saída urgentíssima para repassar alimentação para os acampamentos, aguarde que vamos ter problemas por aí, sim, como no caso de Alagoas. Temos 80 mil famílias acampadas, muitas delas há mais de dois anos. Não é um problema criado pelo governo atual, mas agora quem está no governo é o Lula. Quando assumiu, ele já sabia que teria esses problemas, por isso precisamos de agilidade..
Enviado por Corriente de IZquierda-Frente Amplio